Artificial

3 de mai. de 2010 - não enviada por Camila Rufine
A vermelhidão da bochecha, aprendi a mascarar com uma espessa camada de maquiagem. A gagueira, consigo evitar ficando quieta. A vontade incontrolável de rir, digo que é de uma piada antiga que lembrei - mas que não quero contar agora. O pânico de olhar nos olhos, difarço fingindo-me interessada por aquilo que está ao redor. As pernas bambas, compenso encontrando um pretexto para sentar. O complexo de inferioridade, oculto com piadinhas autopejorativas. A mania de ficar batucando com os pés para aliviar a tensão, tento fazer parecer menos irritante ao seguir o ritmo da música. E coragem, até consigo - mas ela só vem engarrafada.

Há cinco minutos eu ainda te culpava por não ter dado certo, quando me esforcei tanto em parecer uma pessoa próxima do normal. Mas é hora de encarar os fatos. Tudo o que não é natural pode ser interpretado como falsidade e eu me lembro de você dizendo que odiava mentiras. A verdade é que eu não consigo apenas ser, sem tentar ser diferente.

Foi quase bom enquanto durou. Pelo menos para mim.

2 Response to "Artificial"

  1. Graci Says:

    Foi quase bom, graças à coragem engarrafada. Vamos dar o crédito para ela.

    E agora, Camila?
    Clap-clap!(isso é um aplauso pelo texto)

  2. Paula de Assis Fernandes Says:

    Clap-clap!²
    E dá-lhe coragem engarrafada!