O mundo de 'sou filha'

27 de fev. de 2009 - não enviada por CamilaRufine 11 comentários
Férias deveriam durar duas semanas. Tempo suficiente para matar as saudades da comida da mãe, do conforto do quarto (que agora é de visitas), de acordar tarde, recuperar as energias vitais e de começar a sentir tédio de tudo isso.

Mas a coisa se agrava quando as férias coincidem com o término da faculdade, com o desemprego, a falta de um namorado(a), a necessidade de voltar a morar com os pais (só até conseguir um emprego) e com a maldita crise mundial. É exatamente este o meu caso.

Passaram-se natal, ano-novo, carnaval, quarta de cinzas e nem sinal do tal emprego. E cá estou: dependendo do pai/mãetrocínio constantemente e devendo explicações de toda e qualquer atividade diária, retornando ao período da minha adolescência. Eca.

Perdi a conta de quantos currículos mandei, em quantos sites de empresa me cadastrei como estagiária, trainee, profissional e diabo-a-quatro. Estudei violentamente para um concurso que fui pateticamente mal e estou até repensando a possibilidade de ser babá na Cochinchina. Mas até agora, nada.

Meus pais já começaram a ficar irritados com a minha presença. Do nada, passam a jogar algumas coisas na minha cara e se zangam tanto quando fico em casa na frente do computador, como quando eu quero sair e me arriscar. Será que eles acham que eu estou feliz assim? Que é essa a minha vontade ser um peso? Ou eles estão só putos com a Fátima Bernardes por ter dito que a crise mundial vai durar mais uns dez anos?
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Guardanapo

23 de fev. de 2009 - não enviada por CamilaRufine 3 comentários
Amy, toca 'Stronger than me'.

Valeu

Mensagem de texto

15 de fev. de 2009 - não enviada por CamilaRufine 5 comentários
Hoje vi uma estrela cadente.
Fiquei em dúvida se pedia para passar no concurso ou para gente dar certo.
Tomara que eu tenha feito a escolha certa.

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Não enviada bem antes do blog...

10 de fev. de 2009 - não enviada por CamilaRufine 4 comentários


Guarapuava, 03 ou 04 e abril de 2006.

Formalidade nunca foi e dificilmente se tornará uma característica minha. Porém, penso que não combina misturar interjeições pré-pós-adolescentes, um monte de pontos de interrogação e exclamações cheias de conotações emotivas com um conteúdo nada emocionante, nada empolgante e nem tampouco motivado. Na verdade, deveria me importar pouco com forma e conteúdo, já que essa é uma carta suicida.

Mas antes de ter um treco, ria. Estou mandando! Não me mataria. Minha vida pode estar a inhaca que for, mas já sou inútil demais para acabar com ela, carregando uma fama de ter sido inútil e ainda por cima covarde.

Chame a mim de melodramática se achar que esse adjetivo me cabe. O que mais sinto falta nos últimos tempos é justamente de adjetivos. Sejam eles pejorativos ou não.

Respondendo à pergunta da sua carta [Que carta? Deve ser a Graci!], mentiria se dissesse que estou bem. Mentiria o mesmo tanto se eu escrevesse que estou mal. Há uma lacuna esperando pra ser preenchida desde que nasci e só agora percebi. Talvez eu tenha teimado em negá-la, escondendo-a atrás de brincadeiras irônicas, do otimismo forjado e do sorriso-amarelo-claro (que sonhava em ser branco).

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Socorro. [Parodiando Arnaldo Antunes, Camila?] Não há dor e não há prazer. Não há amor e não há ódio. Não há saudade, nem perspectivas. A vontade de calar e de gritar se confundem. Nada parece estar certo, nem tampouco errado... Não quero que continue assim, mas não tenho forças pra mudar.

Então eu como o maior número de calorias possível, até que dôa o estômago. Assim sinto-me cheia de alguma coisa. Mas depois volto a ficar deprimida, pois sei que muitos me olharão torto quando as minhas roupas voltarem a não servir mais.

Não quero ser uma inútil-fracassada-e-gorda. Também não quero mais ser um peso financeiro para meus pais. Oscilo a gula-extrema com regimes paranóicos. Aí, a minha vida passa a ser contar calorias. Mas só até eu cair na promiscuidade alimentar novamente.

Também oscila entre 8 e 80 a minha vida universitária. Me empolgo, num primeiro momento e depois volto a me decepcionar com tudo: gente burra, professores toscos e falta de respaldo metodológico. Mais uma vez me tiram o chão e lá estou eu, novamente deitada no chão do meu quarto, chorando.

[Estava relendo as cartas que a Graci me enviava, quando achei essa uma, que parece ser uma das que eu não enviei para ela, mas também não joguei fora. E eu nem sabia da existência do termo 'bipolar'.]

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